terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Num dia de chuva intensa, estava o Jorge no seu quarto a estudar para o teste de Físico-Química. Nem meia hora demorou porque logo passou para o conto que estava a estudar na aula de Português. Essa sim, era a sua disciplina preferida.
O Jorge era um rapaz de 13 anos viciado por carros. Tudo o que o seu irmão mais novo recebesse,nomeadamente carros, já tinha dono: o Jorge.
O que mais gostava nos carros era a forma da grafite de cada um. Gostava de andar com eles no quintal, de subir aos troncos …..
Um dia como os outros, seguindo o ritual de sempre, lá foi ele buscar os carros ao quarto e dirigiu-se para o quintal.
Mas, nesse dia, as letras dos desenhos dos carros desapareceram. O Jorge, sem saber o que fazer, foi pousar os carros no sítio e decidiu ir jogar no computador.
Admiração foi o que ele sentiu quando o computador não ligou nem sequer apareceu a expressão "iniciar sessão".Espantado,  esfregou os olhos para verificar se era verdade.
Então decidiu começar a ler um livro, que se encontrava escondido no sótão, porque não queria ficar ainda mais assustado, por isso subiu.
Quando abriu o livro nem letras, nem palavras, nem acentos, nem sinais de pontuação, nada! Desapareceu tudo. Nesse momento, o livro que segurava na mão caiu. Começou a vasculhar todos os livros que tinha no sótão. Nem um livro sequer tinha letras, apenas um que se encontrava na última prateleira no cimo de tudo. Esse livro relatava uma revolução que acontecera há mais de mil anos e iria voltar á acontecer. Nesse livro dava-se conta de como tudo acontecera. Naquela altura, nada era mais valioso que as letras e, por isso, começou a ler.     

Acordou a correr, sem tomar banho, como se tivesse que apanhar o comboio: as calças viradas do avesso, a camisola de etiqueta para fora, os cordões por apertar. Nem sequer tomou o pequeno-almoço, mas afinal onde iria ela?
Era a palavra depressa que ia para a revolta das palavras e queria chegar primeira que a lenta. A verdade é que ela queria apanhar o metro pois este anda mais depressa que o comboio.
Quando chegou ao sitio da revolta, que era na rua do “longe é perto”, estavam imensas letras que juntas formavam palavras. Estas mais juntas ainda e associadas iriam formar frases que, mais tarde, ainda mais conjugadas iriam formar textos e, no final, melhor trabalhados, nos tempos correctos, no singular e no plural e com adjectivos e enumerações, entre outros recursos estilísticos, iriam formar livros intensos como o “ Quem é quem?”
O debate entre as palavras demorou bastante tempo porque o tempo parecia não andar, os segundos não eram os correctos, as horas não combinavam com os minutos e os segundos e….



Então começou o debate:
A
       C
             A
                    B    
                           O
                                  U
       As nossas letras são fundamentais.

 - Oh pois é! Eu o A sou cá uma jóia! Até sou a primeira e tudo.
- Deixa lá, que eu sou o segundo! Ah! Ah! Ah!
- Mas quê, vamos continuar nisto? Vamos mas é para o nosso debate.
 E continuaram o debate, mas no inicio e no fim a justiça e a injustiça não atingiam acordo, por isso o imigrante K falou:
- Ká eu kero ke acabem com isto.
No decorrer da acção, o juiz decifrou o mistério que afinal não era mistério nenhum.
- Acabaram-se as letras!
E nisto tudo desapareceu: o tempo, a acção, o K imigrante, o A convencido, o B ciumento e por aí fora…
No meio de tudo isto, no dia seguinte, o senhor depressa nem sequer acordou.
O sol não iluminava o dia. A terra não girava. Os cães não ladravam, miavam.
Tudo tinha acabado. “    
 
 Quando acabou de ler o texto, percebeu tudo e por isso, no dia seguinte, na escola, como não havia letras, decidiu fazer um protesto contra a má utilização das letras.
Depois de passar esta experiência, Jorge percebeu que mais importante do que os carros era aprender a escrever, a ler e a brincar com as letras.
Elaborado por: Carla e Jorge

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Retrato Chinês
“Oficina Escrita”

Se eu fosse um animal seria um golfinho porque é muito fofinho;
Se eu fosse uma árvore seria uma videira porque adoro americanos;
Se eu fosse um rio seria o Sena e assim estava sempre a curtir as cenas;
Se eu fosse uma música seria a dos patinhos assim podia adormecer os pequeninos;
Se eu fosse um brinquedo seria um comboio telecomandado para um dia poder ser comandada;
Se eu fosse uma cidade seria Los Angeles assim podia entrar no CSI;
Se eu fosse uma flor seria uma rosa para oferecer à minha tia Rosa da Conceição;
Se eu fosse alguns dos elementos da Natureza serio o ar para respirar o teu cheiro, seria a terra para pisares o meu chão, seria a água para beberes e seria fogo para acender o teu amor;


" A música como a nossa vida"